Prosa e pensamento: Acreditando demais


A postagem que se segue foi originalmente publicada no blog Index. Devido o seu conteúdo mais que propício à temática do Caio em Coluna, resolvi republicá-la aqui com algumas adaptações, como de praxe.

Algumas pessoas acham que religião não leva pessoas a cometerem atos estúpidos, que a religião não é doença, apenas o sintoma. Mas será que esses seres acham que pessoas cometem atos de bondade baseadas em sua religião? Ah! Aí sim. Eu também acho.

A questão é a boa e velha: não há um ato de bondade que uma criatura religiosa faça que um ateu não possa fazer. Por outro lado, há atos estúpidos que se pode fazer apenas em nome de um deus, em nome de uma religião, ou em nome de uma verdade revelada qualquer. Se não por causa da religião por que alguém se oporia, em princípio, a pesquisas com células-tronco ou mentiria sobre a eficácia dos preservativos? Não vejo como tais crenças possam ser apenas o "sintoma" nestes casos, e em muitos outros. Certamente a culpa não é da pobreza das massas porque os responsáveis por elaborar as doutrinas tolas que levam a essas atitudes são todos sujeitos bem alimentados. Porém, a culpa das massas prevalece no processo de absorção, quando se entregam à lavagem-cerebral e ao ópio religioso.

Ao contrário dos defensores aloprados das religiões sem fim e sem fins, eu reconheço o indivíduo religioso que sabe mais das próprias crenças e vontades do que qualquer dos seus amigos de fé moderados.

Então, aqui vai o mais novo fato que coloca a religião como causa, e não apenas sintoma: noticiou-se que militantes islâmicos na Somália proibiram que se assistisse aos jogos da Copa do Mundo, ato julgado como atividade não-islâmica. Dez pessoas foram presas em uma batida efetuada por uma turba numa casa de Mogadíscio, capital somali. Já em outra casa, duas pessoas foram mortas.

Qur tal? Podemos, sem religião, imaginar um bando de homens linchando pessoas que assistem partidas de futebol em suas casas? Não, não podemos.

Adendo: o ufanismo pelo futebol em si, por vezes também considerado religião por alguns, não se excetua das outras crenças mais "comuns".