Crítica: Herbert de Perto


Odeio documentários. Sempre os achei enfadonhos demais para acompanhar. Gosto do ritmo dos filmes usuais e comparando-os a essas narrativas, sempre são superiores. Mas é claro que um dia, assistiria a algum desses filmes que me faria mudar de idéia.

Essa mudança aconteceu quando pude contemplar (sim, essa é a palavra certa) ao filme Herbert De Perto, um conjunto de imagens, vídeos, entrevistas e canções da trajetória de Herbert Vianna, cantor do grupo Os Paralamas do Sucesso, e um dos maiores compositores do Brasil, diga-se de passagem.

Logo de cara, vemos uma gravação antiga de um Herbert jovem, de óculos exagerados, ainda com cabelos negros, e entra em cena a belíssima canção Flores no Deserto, do álbum Longo Caminho. Acompanhamos desde os primórdios dos Paralamas, quando ainda em brasília nem tinha formação definida, passamos pelo trágico acidente que marcou a vida do compositor e lhe tirou sua companheira do seu lado, e chegamos às composições do disco Hoje, profundo, obscuro, e assim o sendo, esquecido da mídia. Tudo permeado pelas mais fantásticas músicas que consagraram a banda como ícone do rock nacional, ou mesmo internacional (vide as incursões argentinas, mexicanas, espanholas e até, francesas).

Sempre bem dosado entre depoimentos e imagens, canções e entrevistas, vemos um Herbert realmente de perto e observamos suas reações às gravações do passado.

No fim, ainda não sei se gostei do filme devido a minha paixão explícita pela banda ou por que realmente é muito bem costurado emocionalmente, mais independente disso, fica aqui no Caio em Coluna minha recomendação para fãs ou não.

Vida longa aos Paralamas!

Adendo: quando os créditos subiram, cheguei a uma drástica conclusão que, se antes era apenas especulação, hoje é fato. Esse trabalho filmográfico, assim como obras sensacionais de grandes bandas, autores, escritores e etc., simplesmente não teve circuirto, e passou despercebido dos que podiam ter interesse por ele. Tão grande a profusão de porcarias que são produzidas hoje em dia e de mentes vorazes por absorver esses "conteúdos", que o espaço para trabalhos realmente bem feitos encolhe mais e mais. A expressão "transgressões vazias" amplia seu sentido nesse nosso mundinho de futilidades. Aonde vamos chegar?
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