Crítica: Os Mercenários, A Epidemia, O Último Mestre do Ar e Shyamalan


Bem, enquanto Nídia não vem, continuo eu aqui nas minhas atualizações habituais. Antes de adentrar no tema do post, que fala sobre cinema, é claro, faço breves comentários sobre dois dos três filmes que assisti recentemente. Quisera ter tempo e disposição para criar artigos exclusivos para cada um, mas como isso é impossível, vamos ao que interessa:

Os Mercenários


Semana retrasada fomos eu e um amigo verificar a obra herculóide de Sylvester Stallone, o badalado, por vezes criticado e muito do caralho Os Mercenários. Nesse exato instante deve estar surgindo uma grande interrogação em sua mente, não é, caro leitor? Você pode estar se perguntando: ora, como um blogueiro que sempre fala de filmes inteligentes, cinema-arte e etc., pode vir dizer que uma película que exalta a violência e a ação apenas pode ser um filme "do caralho"?

Convenhamos que Os Mercenários não é nenhuma obra de arte, milimetricamente programada em seu roteiro e orquestrada em sua direção, porém devemos observar também que há tempos o cinema não tem um filme relativamente bem produzido, com um elenco galáctico e que seja puramente para homens, sem frescuras e sem vapirinhos viados. Só isso já vale o ingresso. E o filme conta com muitas outras surpresas, como as piadinhas internas que só quem era garoto nos anos 90 sabe do que tratam.

A Epidemia


Sobre o segundo, A Epidemia, tenho pouco a falar. Conta mais uma história de zumbis, adaptada da obra de George A. Romero, mestre do "terror social". Apesar de ser repetitivo em alguns momentos, esse começo de apocalipse é uma surpresa deveras agradável para quem curte um suspense bem amarrado. E conta com a atuação batida, e por isso mesmo ótima, de Timothy Olyphant na pele de um policial (vide Raylan Givens do seriado Justified).

O Último Mestre do Ar


O terceiro ingresso dessas últimas semanas diz respeito ao novo e controverso trabalho de M. Night Shyamalan, O Último Mestre do Ar, adaptado do desenho Avatar, A Lenda de Aang. Para quem não sabe, Shyamalan é o diretor de filmes de sucesso como O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais. Por outro lado, é também criador de obras mal interpretadas tais como A Vila, A Dama na Água e Fim dos Tempos. Todo esse seu currículo se baseia em temas de suspense/terror que agradou aos fãs do cinema logo de cara, mas despencou de um abismo nas voltas finais. Como amante da sétima arte e crítico nas horas vagas, não compartilho da mesma opinião da massa. Acredito piamente que Night é um diretor brilhante que apenas foi visto pelas lentes erradas. Esclarecendo: acho ímpares também seus três últimos filmes, ao contrário da maior parte da crítica e público, e penso que essas pessoas apenas se chocaram com uma realidade mais "b" do cinema de terror e se sentiram perdidos.

De qualquer forma, acuado pelos fracassos de seus trabalhos mais recentes, o diretor se viu forçado a dar uma guinada em sua carreira, e partiu para as filmagens de O Último Mestre do Ar, sendo mais uma vez escorraçado pelos impiedosos críticos. O roteiro nada tem de suspense. É apenas um aventurão mesmo, e ainda assim, é tão bem trabalhado pelo seu roteirista/produtor/diretor que carrega em suas entrelinhas bem mais que um Indiana Jones. Como em seus filmes anteriores, saí da sessão com uma opinião totalmente contrária, tal qual o leitor já pode perceber. A primeira parte da história do pequeno Aang me encantou tanto que mal posso aguardar para assisti-la de novo, e olhe que nem sou admirador do desenho animado. A direção de Shyamalan falha sim em alguns aspectos, mas não por mérito próprio e sim por ter em mãos uma filmagem de apenas 100 minutos quando deveria ter pelo menos 180. Não obstante, fica óbvio o esforço do diretor em imprimir na tela diversas informações em tempo tão corrido, mas nem assim esse Mestre do Ar deixa de ser sagaz, zen e belo bem como todas as outras criações de Night. Quem duvida do que falo, que preste atenção na cena final da batalha travada no encerramento da projeção. É quase uma pintura de Monet com elementos próprios. Dito isso, vamos ao encerramento dessa postagem que justifica seu título.

The Night Chronicles


Sou suspeito para falar, pois como já deixei bem evidente sou um fã incondicional de M. Night Shyamalan, principalmente agora que se revelou um criador multifacetado. É com uma ânsia ainda maior que aguardo então seu mais novo projeto que recebe o título acima citado. Antes de tudo, uma jogada fantástica porque além de significar na tradução "As Crônicas Noturnas" também pode ser lido como "As Crônicas de Night", nome da mente por trás da criação. Aos desinformados vale dizer que se trata de um projeto de produção de vários filmes, todos abordando o terror como tema e trazendo reviravoltas em seus finais, tendo como amparo a mente de Shyamalan. O primeiro já está pronto e por enquanto sem tradução para o português é conhecido apenas como Devil e aborda um grupo de pessoas que ficam presas em um elevador num edifício de negócios e vão descobrindo, pouco a pouco, que um deles é o próprio demônio encarnado.

Entre supostos erros e acertos, sou daqueles poucos que conseguem encarar a filmografia de Night por outro prisma, desde de sua estréia em O Sexto Sentido até sua mudança de temática em O Último Mestre do Ar, e como tal admirador do diretor, mal posso esperar para que The Night Chronicles se revele e, de preferência, com o sucesso que merece.

Vida longa a Shyamalan.