Por toda a sua vida você encontrará coisas fantásticas, como agulhas perdidas num palheiro. A visão desse palheiro já é algo com que se deslumbrar, mas ao verificar que aquela coisinha brilhante e miúda repousava ali, o todo se engrandece. Foi por esse processo que passei semana passada quando me dirigi ao cinema com minha namorada para conferirmos uma comédia romântica. Mas não se enganem, leitores. Como todo homem, já assisti alguns filmes do gênero e gostei, mas no primeiro momento sempre rejeito e só parto para a empreitada, de fato, por causa da companhia ao meu lado, por sua satisfação. Sendo assim, sem mais delongas, vamos ao episódio em questão:
O filme era Amor à Distância. Do trailer, extrai apenas o essencial - um par romântico, situações inusitadas e todo o enredo que uma projeção assim necessita. Porém, o filme se revelou bem maior do que os clichês habituais. Era engraçado, tocante e até realista, indo contra as expectativas. O que se revelava era a situação mais que cotidiana de um casal que se apaixona, mas que devido os seus projetos pessoais e empregos, precisa se separar e conviver com uma relação à distância, com todos os seus indesejosos e frustrantes desenrolares.
Bem, leitor, se você aguentou até aqui, entenderá agora sobre a agulha, já que o palheiro foi exposto.
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Uma experiência interessante que deixou minha namorada deveras feliz com um dos melhores filmes que ela já viu, como ela mesma esboçou, não foi a melhor parte. Em meio ao enredo da película, surgiu uma banda de rock intitulada The Boxer Rebellion, banda essa que o protagonista defendia de forma veemente como um trabalho de arte fantástico que não tinha a difusão justa por causa de um mercado fonográfico que investe na massa, e como a massa é burra, temos uma colcha de retalhos de produções musicais pedantes. Então, eis que aqui e ali, durante o filme, a banda surgiu em apresentações ao vivo, e mais que mergulhado na história da obra, The Boxer Rebellion serviu para dar um brilho todo à parte a um filme e um momento tão bons. Vi surgir ali uma banda que julgava fictícia, mas que tinha todo o poder para ser algo extraordinário no meio acústico que vivemos.
Saindo da sessão, gravei o nome dos caras na mente e ao chegar em casa fui pesquisar, torcendo para que aquela sonoridade onírica não fosse mero deslumbre de roteiro. Eis que The Boxer Rebellion realmente existia, o que só serviu para fechar um ciclo de uma projeção tão bem estruturada.
De posse de suas canções, agora me deleito com todo esse potencial de uma banda que, espero, não seja renegada pela imaturidade humana para gostar de porcarias e absurdos.
Ficam três lições desse dia no shopping:
1. Comédias românticas podem ser boas.
2. Sendo boas ou não, assisti-las com quem se ama é sempre fantástico.
3. Precisamos mudar nossa forma de encarar arte, porque outros como The Boxer Rebellion estão à solta por aí enquanto nos desperdiçamos em futilidades.
Para mais informações sobre a banda, acesse o site: http://www.theboxerrebellion.com/