Prosa e pensamento: Vá tomar no cult


De forma restrita tenho duas definições sobre ser cult. A primeira diz respeito a pessoas que se comportam de forma cult, como se isto fosse uma natureza tal qual um emo ou um colorido. Em segundo estão aqueles que, agindo ou não desse maneira, gostam do que é cult. Por que essa introdução quase dicionaresca?

Final de semana passado ouvi da boca de um amigo a seguinte frase: "Odeio pessoas cults". Ao se explicar, ele disse que se referia a primeira descrição, mas o assunto morreu entre tantos outros. Foi só ao fim da semana, na quinta-feira mais precisamente, que as definições sobre cult e a tal conversa com o colega retornaram quando eu descobri que não só concordo com ele no sentido inicial, como também odeio esses tipinhos que se comportam como se só o cult existisse e tivesse crédito na praça. Em suma, caro leitor, o que quero dizer é que das duas descrições, nenhuma se salva, pois são todos farinhas do mesmo saco, ou produtos do mesmo festival de cinema alternativo, se preferir.

Agora sim, vamos às devidas explicações que fundamentam minha ideia. Estava em casa sem mais nada para fazer quando decidi ir ao computador e buscar qualquer coisa em prol da minha diversão. Passei por alguns episódios de séries e tantos filmes, mas todos sérios demais, com uma temática cult por definição. Foi quando esbarrei na adaptação mais recente para o cinema de Esquadrão Classe A, filme que recebeu severas críticas adivinhem de quem? Isso mesmo! Dessa galerinha que se acha cult por demais.

Ainda assim, resolvi encarar, e cá entre nós: não me decepcionei um segundo sequer por ter visto essa obra explosiva, escrota e abarrotada dos mais saborosos clichês do cinema de ação. Assim que os créditos subiram, me dei conta que alguns dos que me cercam, se lessem qualquer crítica minha positiva ao filme, certamente iriam torcer o nariz da mesma forma que o fizeram quando dediquei frases de paixão ao filme-brucutu de Stallone, Os Mercenários.

Ora, quem afinal determinou que por seu eu uma pessoa deveras inteligente, no sentido amplo da palavra, não poderia vez por outra me esbaldar em instantes de pura diversão, sem qualquer apego filosófico? Quem foi que disse que amar é sofrer?

Meus caros, para vocês que insistem que arte só possui um prisma tenho apenas uma expressão: tsc, tsc. Mal sabem o que perdem, tais cults enrustidos, ao se privarem de algumas horas de diversão acefála.

No exemplo do filme citado temos um elenco fantástico em que Sharlto Copley, o excelente ator de Distrito 9, encarna um papel esquisitão e hilário com eficácia, Bradley Cooper faz seu tipo galã de sempre, bem como Liam Neeson é o velho mentor. E o negão... Bem, o negão faz o papel do negão, claro! Com tiradas ótimas que só poderiam existir com falas clichês e ação muito além das possibilidades da realidade, Esquadrão Classe A é pura diversão, e desde já, está recomendado pelo Caio em Coluna.

Não sei os cults de plantão, mas eu pago para ver um filme ou me entreter com qualquer obra que seja simplória em suas perspectivas, desde que a diversão seja garantida, bem como não me furto de assistir também películas de maior conteúdo. Minha conclusão é que não é impossível, nem de longe, tais gostos conviverem em harmonia a depender apenas do seu estado de espírito. Mas que fique bem claro que os passatempos acefálos a que me refiro não se enquadram na categoria de entretenimentos em que o xulo e o banal estejam presentes, tais como as musiquinhas cinfrim que sempre cito aqui no blog.

Sendo assim, me despeço desse post pronto para encarar o cinema em suas mais variadas vertentes.

"Estou vendo um tiroteio em 3D. É como se estivessem disparando contra nós!"
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diz o personagem de Sharlto Copley em certo momento.
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