Diário transbordo: Johnny People


Como promessa é dívida e já tive tempo de sobra para redigir tal postagem e ainda não o fiz, hoje tomei coragem e coloquei a mão na massa.
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Em julho, minha namorada e eu fizemos uma viagem à Paraíba, estado vizinho nosso. Ficamos em João Pessoa, a capital, durante cinco dias e à medida que as horas passavam, prometia a mim mesmo que quando chegasse em casa teria que sentar em frente ao computador e escrever uma postagem sobre as surpresas do lugar. Meses se passaram antes que isso ocorresse, mas agora cá estou eu.
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A ideia desse post é apenas levar a quem não conhece tudo que descobrimos nesses dias que passamos por lá, e incentivar para que mais pessoas possam tomar o rumo desse local. Nesse instante faço uma pausa para me explicar, pois sei que alguns poderão se perguntar o porquê de estar falando bem de uma cidade em outro estado e não da minha. Bem, não há como não evitar comparações e perceber que a consciência de cada um é o que faz a diferença no lugar em que se vive. Imagine um lugar onde as pessoas valorizam suas belezas naturais e sabem respeitar a natureza, onde leis ambientais são seguidas à risca, onde os turistas são bem tratados e respeitados, a criminalidade é baixa, o trânsito é bem mais ordenado do que em outras capitais e a confiança é a palavra em voga. imaginou? Essa é João Pessoa, pelo menos nos bairros pelos quais passamos.

Vamos aos detalhes então para aplacar qualquer curiosidade e dúvidas que ainda possam haver.
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Logo que chegamos lá encontramos um terminal de ônibus um pouco desorganizado, com mais cara de interior, mas resolvemos não tirar conclusões precipitadas e tudo começou a mudar assim que pusemos nossos pés na primeira condução em Johnny People. Ao pedirmos informações ao cobrador a fim de nos localizarmos, ele notou nossa pinta de turistas e indagou de onde erámos. Ao respondermos, estendeu para nós um cartão-postão com os seguintes dizeres escritos a mão: "Com carinho, uma lembrança do cobrador. Volte sempre!" E mais: o cartão ainda continha seu endereço para que, assim que chegássemos a Olinda, mandássemos um de volta para ele (por sinal, essa é outra dívida ainda não paga). Agora imagine chegar em Recife ou Olinda e encarar a cara daqueles cobradores de ônibus mal-humorados!

Assim que chegamos a Tambaú, bairro litorâneo de João Pessoa, onde se localiza o famoso Hotel Tambaú, conhecido por sua arquitetura singular, os ares continuaram mudando. Desde um calçadão organizado, bem como uma via bem divida para veículos automotores e ciclistas (em Boa Viagem tais obras são bem mais recentes), passando por uma área urbana bem distante do mar que deixa uma larga faixa de areia, até a limpeza e a estruturação do local de forma simétrica, cada passo nos surpreendia. E os prédios então? Todas as construções da orla seguiam rígidos padrões e não podiam ultrapassar três andares por força de lei, e essa lei era seguida. Por aqui e em outras capitais, vai inventar de barrar as construtoras para que esteja formada a confusão...
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Seguimos então para a pousada e, desde já recomendo a que ficamos, Pousada Praia Mar. Tem um preço deveras interessante em comparação a outras da orla e é bastante aconchegante e organizada.

Para que essa postagem não se prolongue demais, vou citar outros fatos e detalhes que muito me agradaram e deixar para que julguem por si mesmos o restante através das fotos e quando resolverem visitar a cidade.
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Fizemos um passeio de buggy, característico da região, que durou todo o dia passando por várias praias. Foi através dele que conhecemos o Dedo de Deus, um lugar belíssimo que vale a pena ser visitado. Mas a maior surpresa de todo o tour ocorreu antes dele, na contratação do serviço. Como muita coisa por lá, não houve qualquer espécie de contrato ou assinatura. A coisa toda foi feita no boca-a-boca mediada apenas pela confiança. Adiantamos uma parcela do valor e, no outro dia, pontualmente, lá estava o nosso guia para cumprir o acordado. Eis outra grande diferença com várias capitais Brasil afora.
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Muito bom também é assistir ao pôr-do-sol na Praia do Jacaré ao som do Bolero de Ravel. Um espetáculo fantástico no qual não se precisa pagar nada para ver; só se você quiser entrar nos bares e outros locais. Se não, basta conseguir um lugar na amurada e aguarda a hora chegar.
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Uma das nossas maiores surpresas, além de todas as já explicitadas, ocorreu quando visitamos a Feirinha de Artesanato de Tambaú. Foi lá que conhecemos o entalhador mais simpático do Brasil, Sebastião. De tão gente boa que era a figura, prometi a ele que divulgaria seu trabalho aqui e o farei através das fotos logo abaixo.
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Conhecemos também o Shopping Manaíra, onde tive a agradável sensação de estar no meu mundo ao cruzar com um grupo de RPGistas para lá de característico. Só não jogamos boliche, mas fica para a próxima. Fomos ao Farol e ao ponto mais oriental das américas onde provamos o coco mais oriental das américas, que mais valia pela publicidade que pelo sabor. Visitamos também um projeto de proteção às tartarugas que, assim como toda a natureza, era respeitado por qualquer transeunte, fosse visitante ou morador.
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Enfim, foram poucos dias em que mergulhamos num outro espírito de sociedade e de forma de ser e estar. Tão boa foi nossa impressão que colocamos em nossas mentes, minha namorada e eu, que queremos um dia residir ali, e sugiro àqueles que ainda não tiveram contato com a querida Johnny People que providencie sua próxima viagem para lá com a garantia que não vai se arrepender. Deixo para vocês o clipe da canção Mormaço, d'Os Paralamas do Sucesso.