Crítica: Santuário


Eis um filme que tinha tudo para ser um ótimo entretenimento, mas afundou, tal qual seus personagens.

Santuário tem uma premissa interessante para um filme aventurão: alguns exploradores, cada um por seus princípios, se juntam para ir ao único local desconhecido pelo homem na Terra - as cavernas submersas muito abaixo de nossa superfície - porém a excursão é cancelada com a aproximação de uma tempestade que inundaria o lugar. Com uma morte inesperada de um dos membros do grupo e a transformação da tempestade num ciclone, a equipe de exploradores não conseguem deixar o complexo subterrâneo a tempo e agora têm que migrar para o outro lado numa tentativa de escapar, ou seja, descer cada vez mais.

Além dessa sinopse que chama a atenção para os fãs de filmes que contém suspense e ação, a película é produzida por James Cameron, que após o sucesso estrondoso de seu Avatar, já daria credibilidade inimaginável à produção, porém o pai dos Na'Vi errou feio ao estampar seu nome nos cartazes dessa bomba.

Como já disse Pablo Villaça outrora, "crítica não deve servir como material de consumo". Pena que cometi esse deslize ao ler avaliações positivas da obra que só criaram frustração enquanto estava na sala de cinema. Então, vamos aos problemas:

Primeiramente, reitero o fato que, além de Avatar, a tecnologia 3D só tem prestado mesmo em algumas animações, sendo os filmes com atores reais míseras sombras daquilo que Cameron fez. O detalhe é que na odisséia de Jake Sully, muito se investiu, em sentido de tempo e dinheiro. Santuário não obteve o mesmo apuro, portanto seu 3D é um pouco superior a obras como Tron: O Legado e As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada, mas não garante a mesma satisfação que a criação máxima de James Cameron. Ou seja: não permita que o nome do diretor nos posterês lhe venda a impressão errada, caro leitor.


Ademais, o filme tem um elenco fraco, salvo algumas cenas de seu protagonista, interpretado por Richard Roxburg, que às vezes exagera na voz rouca. O mesmo ocorre com Rhys Wakefield, que interpreta o filho do chefe da exploração, que é raso demais para cavernas tão profundas, e com o "cara que banca tudo", Ioan Gruffud, o mesmo que fez o Sr. Fantástico em O Quarteto Fantástico. Por sinal, em Ioan reside um dos maiores problemas do longa, não só po culpa dele, mas por causa dos seus roteiristas, que insistem em lhe conceder um arquétipo de riquinho babaca que assume ares de vilão e que, para piorar, depois de morto ainda retorna numa cena ridícula e sem o menor sentido, já nos minutos finais.

Por fim, toda a atmosfera de tensão que a projeção poderia criar é desperdiçada em cenas que passam rápido demais, frases clichês ditas por personagens ainda mais clichês e por cortes malfeitos que unem momentos do filme de maneira muito brusca, vide o exemplo das cenas iniciais em que a tempestade vira um tornado e a equipe, que mal sabia do fato até então, de repente já está fugindo de uma caverna semi-inundada.

Santuário não vale à pena nem mesmo como cinema pipoca, e acredito que mesmo a Sessão da Tarde fosse muito para o longa. O ideal mesmo era se contentar com o Cinema em Casa, e estava bom demais.

Meu dinheiro no ingresso foi gasto à toa, e pior, numa sessão 3D, sempre mais cara, mas fazer o quê? Cinema tem dessas coisas.