Gênios da arte: J. J. Abrams


Ainda não tive o prazer de conhecer a série Alias - estou tentando convencer minha namorada a assistir - mas já ouvi ótimas críticas que são o bastante para satisfazer o meu gosto crítico. E quando as notícias sobre o seriado começavam a chegar, se comentava sobre um tal criador de mente genial por trás dela. Ignorei.

Então corria adoidado para alcançar a sala da minha casa numa noite de domingo. O motivo: uma tal série surpreendente chamada Lost teria seu episódio piloto exibido na Rede Globo naquele momento, após inúmeros comerciais televisivos alavancando sua propaganda. Quase duas horas depois, no fim daquele primeiro capítulo, meu sentimento era de total satisfação, e ansiedade para saber o que se sucederia. Lost era algo grande ocorrendo, e adivinhem só? Por trás daquela série matutava a mesma cabecinha condutora de Alias.

Lost vai, Lost vem, J. J. Abrams já tinha uma posição consolidada por trás de criações que tinham tudo para dar errado, e com um toque de seus dedos e uma pitada de criatividade, se tornavam estrondosos sucessos. A essa altura a franquia Missão: Impossível já se superara no episódio dirigido por Brian De Palma e já decaíra na película de John Woo, mas assim mesmo me arrisquei nos cinemas para ver a terceira parte. Imaginem a minha surpresa ao ver um filme intrincado e bem planejado, com cenas de ação vertiginosas (quem lembra da cena do salto do arranha-céu sabe do que falo) e um vilão interpretado por Phillip Seymour Hoffman... e ao fim dele, por trás da direção, lá estava o nome do nosso pequeno gênio: J. J. Abrams.

Claro que quando soube do suspense estilo-documentário Cloverfield, não perdi tempo e corri pra frente da telona. Lá estava mais uma obra de poder visual, suspense único e final intrigante. E quem a dirigia? Não preciso repetir, preciso?

Então vi um trailer, intrigante, diga-se de passagem. Nele a espaçonave U.S.S. Enterprise surgia com suas nuances e a obra prometia um recomeço para a clássica série Jornada nas Estrelas. Ora, quando a série (falo da clássica, com a tripulação original, e não de toda essa baboseira de Jean-Luc Picard) estava em seu auge, mal me entendia por gente. Então, o que me chamara a atenção para o recomeço dessa mitologia? O comandante por trás do trabalho: J. J. Abrams. Do trailer pra cá, soube de mil notícias sobre a produção, e pra não estragar a surpresa, evitei-as. Então fomos, minha namorada e eu, ao cinema.

A trilha sonora do fiel escudeiro de Abrams, Michael Giacchino, começou empolgando. E após um primeiro ato estonteante, fomos apresentados aos heróis de uma geração. Chris Pine (Capitão Kirk) encara muito bem seu papel, trazendo a explosão necessária a um aventurão desses. Impecável, Zachary Quinto encarna o eterno Spock, e mesmo pra quem não conhecia nada da série, o ator o faz eterno para os novatos. Mas quem surpreende mesmo é Karl Urban na pele de McCoy, abandonado suas interpretações sisudas para conceder ao personagem uma linha emotiva incrível, e até se dá ao luxo de fazer humor, sendo muito bem sucedido. Entre cenários impressionantes, ação vibrante e muito humor, Abrams faz-nos envolver com aqueles personagens como se tudo tivesse começado ali, e mesmo o drama tem espaço na película. O crédito também fica para seus companheiros de todas as horas, os produtores Damon Lindelof e Bryan Burk. Ao fim, acredito que mesmo os fãs, que poderiam se frustrar um pouquinho com uma grande guinada na mitologia, verão com bons olhos as soluções desse gênio para ressucitar uma série com um fim tão insípido sem mexer na história original.

Assim, seja você fã ou só alguém buscando um passatempo, se arrisque nesse novo Star Trek que pode ser o prelúdio de uma grande franquia, assim como fizeram com Batman. E conheça o trabalho de um maestro do entretenimento: J. J. Abrams.