Ele é o cara que estuprou o siri. É o cara que raspou Cláudia Ohana. É o cara que queimou Soraya. E ainda assim o Brasil conhece pouco esse homem... Como isso é possível?
Seu nome é Zéu Britto, de descendência baiana
e um showman à parte de todos os outros. E me rendi a sua carreira assim que o vi numa entrevista nada usual no Programa do Jô com seu violão tão incompreensível quanto o dono. Desconheço seus trabalhos anteriores, mas posso afirmar que despontou no momento em que surgiu na comédia semanal Sexo Frágil. A atração não era das melhores, diga-se de passagem. Prova disso foi sua curta duração; mas entre idas e vindas, lá surgiu Zéu em pontas mais do que interessantes e cantando uma canção esquisita que logo virou sucesso ao ser propagada no longa-metragem Meu Tio Matou um Cara, como música tema da personagem de Débora Secco. A canção só podia ser Soraya Queimada, é claro.
Seu nome é Zéu Britto, de descendência baiana
e um showman à parte de todos os outros. E me rendi a sua carreira assim que o vi numa entrevista nada usual no Programa do Jô com seu violão tão incompreensível quanto o dono. Desconheço seus trabalhos anteriores, mas posso afirmar que despontou no momento em que surgiu na comédia semanal Sexo Frágil. A atração não era das melhores, diga-se de passagem. Prova disso foi sua curta duração; mas entre idas e vindas, lá surgiu Zéu em pontas mais do que interessantes e cantando uma canção esquisita que logo virou sucesso ao ser propagada no longa-metragem Meu Tio Matou um Cara, como música tema da personagem de Débora Secco. A canção só podia ser Soraya Queimada, é claro.
"Eu queria ácido sulfúrico
e um litro de álcool Tubarão.
Eu queria uma tocha iluminada
pra deixar Soraya igual carvão.
E depois da meia-noite Soraya vai voltar.
Ela vem toda queimada a se vingar, se vingar.
Eu quero ver Soraya queimada,
Soraya queimada, porque Soraya me queimou."
Com seu jeitão atrapalhado, toda a sua altura e magreza, olhos esbugalhados e um talento de fazer inveja, Zéu conquistou a quem o conhecesse, e suas músicas viraram parte de trilhas sonoras de outros filmes Brasil afora. Sendo suas canções pérolas muito bem cuspidas, só pode ele ser uma baita de uma ostra nesse imenso oceano.
"Me faça de bife.
Vou servir de consolo.
Me tempere com seu molho
e depois me asse no forno do amor.
Me sirva pra quem quiser.
Pode lamber meu pé.
As descaradas se embriagarão,
minha carne comerão."
"Não se deve amar sem ser amado.
É melhor morrer crucificado.
Deus me livre das mulheres de hoje em dia!
Desprezam o homem só por causa da orgia.
Gosto que me enrosco de ouvir dizer
que a parte mais fraca é a mulher
e o homem com toda a fortaleza
desce da nobreza e faz o que ela quer."
"Ponche muito doce ao cair do dia,
biscoitinhos recheados,
salgadinhos variados, um pão e a azia.
Depois da sesta segue um doce de ambrósia,
alquimia bisurada, eita fogueira desvairada!
Será essa a combustão espontânea humana tão falada?
Agonia em lava, dia após dia ia e voltava. Azia."
Em 2005 esse baiano lançou um álbum com algumas de suas canções. Era o Saliva-me. Um disco de tiragem limitada, e uma raridade hoje em dia da qual corro atrás. Nele constavam músicas como seu principal sucesso Soraya Queimada, a homenagem a Cláudia Ohana Hino de Louvor à Raspada, e outros sucessos como A Dama de Ouro e Brega de Leila, obscuramente conhecida como "Brega de Lurdão", graças a sua experiência juvenil num brega dos interiores da Bahia com a dita cuja do título.
"Leila abriu um brega
e contratou quinze meninas.
O brega ficou famoso,
vinha gente das colinas.
Hoje o brega de Leila tem,
tem muita orgia.
Hoje o brega de Leila é,
é o lugar que eu queria."
"Eu não sou cientista.
Sou um sadomasoquista.
Adoro cordas e correntes.
Roupas de couro são mais quentes.
Encontramos o prazer na arte de sofrer.
Vou queimar teu peito com isqueiro.
Sobe chama, sobe chama!
Dos prazeres esse é o primeiro.
Sobre chama, sobe chama!
Chicotada é natural,
é o prazer inicial e é normal.
Estou ficando apaixonado
pelo cheiro do teu peito queimado.
Encontramos o prazer na arte de sofrer."
"Meia-nove de manhã,
línguas loucas de tardinha.
Ela só de sutiã
e eu cheirando sua calcinha.
O gerente do motel
nos pediu para sair.
Eu gritei: lua-de-mel!
E ele deixou prosseguir.
Noite de motel, era caro demais
e eu não pude pagar.
Noite de motel, aceitaram cartões
e eu paguei com Credicard."
Zéu Britto fez pontas também em outros programas como Sob Nova Direção e Casos e Acasos, e recentemente pôde ser visto na pele de um personagem que nada mais é que o espelho da sua personalidade no filme A Guerra dos Rocha.
Em tempos tão conturbados onde o mundo é uma bola em contagem regressiva para a autodestruição, um pouco de humor em nossos dias faz muito bem. Pena que Zéu Britto ainda não tenha atingido a projeção que merece, como tiveram nossos queridos Mamonas Assassinas.
Mas como ele mesmo diria: "O hálito roça o dente. O dente roça o pêlo. O pêlo roça a pele. A pele roça o corpo. O corpo roça a alma e a alma roça o mundo. E esse negócio de alma na alma é profundo. É o tete no tete, debaixo da lua, da noite, do sol, da manhã, da bomba nuclear. Eu só quero um amor e um lençol; o mundo pode acabar."