Não se apoquentem, meus caros leitores. Este não é um post filosófico ou de auto-ajuda. É apenas a narração de uma descoberta fabulosa que fiz nesses últimos dias sobre uma forma de encarar o tudo-impossível nosso de cada dia. Mas vou me antecipar ao dizer quão incrível foi tal revelação para mim, e pode ser para todos nós, visto que essa possibilidade sempre esteve ao nosso alcance, mas apenas optamos por não aproveitá-la.
Chegava em casa do trabalho. Enquanto todos partiam para o seu estresse diário, o meu turno se encerrava. Então segui para o habitual: fiz minha cadelinha ingerir seu polivitamínico, comi alguma coisa e fiquei relaxando no sofá, com preguiça de ir tomar banho para dormir. Assistia ao restante do Bom Dia Brasil, o meu único noticiário do dia, até que ele terminou. Então entrou no ar aquela velhinha simpática e tresloucada da Ana Maria Braga que troca sempre o 'a' pelo 'z' e acha tudo isso muito normal. Não tenho o costume de ver o programa, mas uma das chamadas me prendeu a atenção, e fiquei aguardando para ver a matéria.
Falava sobre Marcelo Bohrer, o criador do Clube do Nadismo, e sobre suas filosofias. Que diabos é isso?, me perguntei. E ele fez questão de separar as coisas logo de cara dizendo que não se tratava sobre vagabundagem, mas sim sobre uma teoria para evitar ou ao menos amenizar o estresse urbano crescente. Consistia em obter alguns instantes do dia para não se fazer nada, sem pensar em obrigações, horários ou rotina. Não importava onde se estivesse, como estivesse, ou quantos minutos ou horas pudesse disponibilizar. Também não importava se durante a prática do Nadismo você pensava ou tentava se exaurir de pensamentos, ou em que posição ficava. Apenas interessava que nada que demandasse esforço ou compromisso fosse feito. E ele, Marcelo, explicou isso muito bem da seguinte forma: "...mesmo yoga é capaz de lhe causar estresse, já que você tem um horário a ser cumprido para a aula e se se atrasa, já fica preocupado. Com o Nadismo é diferente. Você faz quando quiser, da forma que quiser." Enquanto assistia à materia, deslumbrado com essa filosofia tão simplista que podemos obter independente da existência de um clube, me impressionava mais e mais a expressão serena e despreocupada de seu fundador. Tinha cada vez mais a certeza de que sua teoria e prática tinham sido muito bem utilizadas por ele.
Mas uma pergunta cercava minha mente: Porque chegar ao ponto de desenvolver um clube para se fazer nada? E terminei na basal conclusão que associar-se a um clube impõe rotina e rotina impõe compromisso, principalmente para cumprir as atribuições dessa 'instituição', e só através de uma rotina compromissada, podemos separar alguns minutos do nosso dia para nos obrigarmos a fazer nada.
Esperto esse Marcelo!