Venho agora para falar de um ator-personagem que foi capaz de transformar 45 minutos de uma série televisiva num espetáculo.
Assistia com minha namorada a Desperate Housewives (sim, a série é boa), mais especificamente ao episódio 13 da 5ª temporada quando nos deparamos com o ator Beau Bridges na pele de um faz-tudo chamado Eli Scruggs - o nome propositalmente esquisito para contrastar com a personalidade daquele ser apaixonante.
Eli morre logo no começo do episódio enquanto consertava um telhado naquele que seria seu último trabalho antes da aposentadoria. Enquanto as amigas desesperadas que dão título à série se reúnem para uma tarde de poquêr, pensam que seria justo prestar alguma homenagem ao homem que passou despercebido por suas vidas. Só quando puxam pela memória em longas viagens ao passado, é que notam que aquele faz-tudo, um cara que esteve em suas casas diversas vezes para lidar com encanamento, pintura, conserto e um sem-fim de atividades, não resolveu só esses problemas. Aquele desconhecido que só tinha um nome para elas, se saiu muito bem em vários momentos difíceis de suas vidas, estando sempre aos seus lados, de forma quase imperceptível. Desde uma mulher que passava por infindas separações, até uma que precisava saber que era linda o bastante para os homens, o pobre Eli traçou vínculos muito mais profundos do que algumas das pessoas mais próximas a essas donas-de-casa.
Após esse episódio, ficou provado que basta um ator bem-inspirado, um personagem bem construído e a boa vontade dos roteiristas para que uma só pessoa faça de 45 minutos uma fantasia comovente.
O nome do episódio, The Best Thing Ever Could Have Happened, ou A Melhor Coisa Que Já Poderia Ter Acontecido, numa tradução livre.
