Qual a melhor época do rock?
Kurt Cobain. Elvis. Beatles. Coldplay. Rolling Stones. Sim, essas são bandas, mas não épocas. Ou estaria eu enganado?
Entre os amantes do rock de uma forma geral há sempre uma disputa sobre quem foi a melhor banda, ou a melhor década. Até algum tempo, eu também seguia essa tendência, com meus gostos firmes e imutáveis, mas felizmente isso tem declinado. Havia as bandas das quais gostava, as novatas que odiava, os anos dourados (ou deveria dizer dark?) do rock 'n roll e tudo o mais capaz de categorizar tais peculiaridades.
Então, meio que naturalmente, meio que pressionado, percebi que as formas poderiam ser surreais, e que o som não era material a ser catalogado. Um dos grandes motivadores foi a expansão cansativa e angustiante do bregoxé (como já explicado em postagem anterior, um nome "carinhoso" que dei para a junção de brega, pagode, axé e ritmos afins) que inundou o Brasil e massacrou a indústria fonográfica, mais precisamente a música-rock. Com essa massificação das canções de baixo calão voltadas para um bando de zumbis aculturados, aumentou também o nível da pirataria, pois rock nunca foi, infelizmente, consumo da massa, e com isso, além da indústria, bandas se viram jogadas ao limbo. Clássicos que solidificaram nossa cultura ficaram esquecidos ou ganharam versões mixurucas (pra não citar palavras piores) por essas bandinhas. Tanto que Bruno Gouveia, vocalista do Biquíni Cavadão, fez o seu conhecido discurso no show ao vivo que gravaram para seu cd, onde num tom revoltado, sendo minimalista, disse: "Música se faz com a cabeça. Música se faz com atitude. Música se faz com o coração. Música... música não se faz com a bunda, não."
Ao ver minhas bandas favoritas, Titãs, Paralamas, Engenheiros, e antigões como Rauzito, passando por esse tipo de situação, percebi que tinha que parar e pensar. Esse é o fato que me fez mudar, mas não o principal. O que ocorreu em seguida foi que passei a ampliar meus horizontes, buscar alguns conceitos que renegara. Desde jovens roqueiros como Jay Vaquer, ou mesmo Pitty, até rock polonês com a banda Myslovitz, passei a lhes dar chance e espaço, e percebi, um pouco incrédulo, que o novo e o diferente também pode ser bom.
Sendo assim, hoje recebo de braços abertos qualquer tipo, época, banda, cantor(a), desde que seja o bom e sempre genuinamente rock 'n roll. E venho com essa postagem dizer aos amantes do mesmo que não persistam no "mais do mesmo", mas que façam uma legião vibrar com qualquer acorde, seja grunge, pop rock, metal, rock latino, e até mesmo emo, pois se não for a criatividade de nossas bandas em se manter na estrada com astral total e nosso impulso, seremos engolidos pela turba acefala que insiste em dominar o país com suas vozes de pato, letrinhas absurdas e apelativas e composições chinfrim.
Eles pensam que sabem fazer música, já nós não precisamos pensar, porque fazemos música de verdade.
Let's rock!