Ontem fui conferir o novo filme do diretor Joe Johnston, O Lobisomem, com Benicio Del Toro e Anthony Hopkins. Antes de mais nada, vale ressaltar que estava morrendo de sono e de vontade em assisti-lo. Agora sim, vamos as impressões.
Um diretor às vezes surpreende, fazendo algo de uma maneira que ninguém esperava, com brilhatismo que dificilmente se repete. Não é o caso de Johnston, que é apenas mediano e constante, trazendo em seu currículo filmes como Mar de Fogo, Jurassic Park III e Jumanji. O mesmo ocorre em seu novo trabalho. O Lobisomem não é impressionante, muito menos de meter medo, como aqueles filmes que não nos deixam dormir à noite. Seu ótimo elenco também se mantém meio esquematizado revelando que o diretor não conduz tão bem os atores quanto deveria, pois tendo à disposição Hopkins e Del Toro, poderia ao menos ter trazido interpretações de apunhalar o coração do público, já que a história tem um apelo dramático que foi pouco utilizado. E seria uma pena ter um roteiro como o de O Lobisomem em mãos e deixar que o filme não fosse nada além de mediano. Para mérito de Johnston, ele conseguiu algo a mais.
Vivemos numa época em que terror se resume a romances bobos e açucarados em que garotas adolescentes babam pelos mocinhos, idealizando o cavaleiro de armadura branca. Lobisomens sõa jovens que passam o filme inteiro sem camisa apenas para que essas mesmas estúpidas garotas possam babar ainda mais, e que se transformam na criatura da noite quando ficam com raiva. São os chamados Lobishulks, uma mescla de lobisomens com o grandalhão verde Hulk. Vampiros não são mais ameaçadores. São apenas rapazes românticos e virgens (leia-se gays) que não queimam em chamas quando são tocados pela luz do sol, mas brilham, assim como as fadinhas dos desenhos da Disney. Claro que com isso cito os filmes e livros da série Crepúsculo, que levam esses jovenzinhos góticos e sem cultura a acreditar que estão conhecendo o terror em sua essência e que Stephenie Meyer é a maior autora já existente, deixando para trás gente de peso com Stephen King, ou mesmo Tolkien. Sorte nossa que tivemos boas histórias independentes se alternando pelos cinemas, como Rec e Atividade Paranormal.
Voltando a O Lobisomem, falo que Joe Johnston tem seus méritos, pois no momento de heresia pelo qual passamos, ele nos brinda com um filme que, mesmo carregado de falhas, nos faz mergulhar na Inglaterra vitoriana cercada de misticismo, de penumbra e regras de etiqueta, ou seja, coloca na tela a verdadeira ambientação e as formas do terror clássico, que fez de Drácula, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça e várias outras histórias o que elas são hoje.
Sendo assim, este O Lobisomem não é nem de longe um filme ruim, e nem de longe um filme excelente, mas é a dose certa do terror como ele deve ser.