Estive afastado alguns meses desse posto, mas retorno agora com uma nova postagem. Antes, um adendo: parece-me que depois que deixei o Caio em Coluna às moscas, este estimado blog recebeu mais visitas que quando publicava uma postagem atrás da outra. Acho que vou interromper tais processos produtivos mais vezes, mas agora vamos ao que interessa...
Dia desses encontrei um antigo amigo e nos cumprimentamos da forma mais usual possível: um aperto de mão. Imediatamente, veio a minha mente o final de um filme que tinha visto há tempos - Southland Tales, de Richard Kelly. Curiosamente, em minha bolsa estava um dvd que acabara de locar e que ansiava por assistir durante a noite. Este era a película de estréia de Kelly, o aclamado cult Donnie Darko.
Antes, a história.
Um jovem dorme numa estrada no meio do nada, e ao despertar, tem aquela inevitável sensação
de não saber o que faz ali. Então pega sua bicicleta e retorna para casa. Donald Darko é um rapaz estranho, a começar pelo nome, isolado e com uma agressividade contida. Pensa em sexo o tempo todo e tem "alucinações" constantes. Após escapar de um estranho acidente que poderia ter lhe causado a morte, passa a seguir cegamente seu salvador - um coelho mostruoso e humanóide chamado Frank que lhe diz que o mundo vai acabar em 28 dias. Em meio a esse contexto alucinado, acompanhamos a trajetória de Donnie tentando compreender o universo ao seu redor, atestado por sua psicóloga como esquizofrenia. Visitas vem e visitas vão, Frank se torna cada vez mais surreal e premeditatório, e os atos de Donnie vão se encaixando como peças de um quebra-cabeças.
Agora, as impressões.
Quem viu Donnie Darko e atinou para sua estranha e pscótica realidade sabe que ele transcende a idéia de um filme. Ao assisti-lo, somos inundados por um universo alternativo, recheado de personagens interessantes bem conduzidos por seus atores, como Drew Barrymore, Patryck Swayze, Mary Mcdonnell, e os irmãos Maggie e Jake Gyllenhaal. Além disso, ficamos espantados com Frank, o coelho monstruoso e sua voz macabra. Ainda há a "vovó morte", viagens temporais, Evil Dead e muita, muita erva, pois a sensação que se tem ao término do filme, é que se puxou um baseado longo. E realmente tudo se conecta quando chegamos ao fim, com a belíssima canção Mad World tocando ao fundo, no desenrolar das conclusões inconclusivas. Richard Kelly deixa que cada um tire sua interpretação dos acontecimentos ali narrados, e esse é um dos seus maiores trunfos. Eis um filme envolvente e único.
Enfim, as conexões.
Muito de Donnie Darko me remeteu ao que veio depois - Southland Tales. Foi uma história que me intrigou também, e apesar de um pouco confusa traz um fim tão grandioso quanto seu irmão mais velho, ao som de Radiohead. Com um simples aperto de mãos, presenciamos o fim do mundo, belo, poderoso e assustador. Desde já, recomendo os dois filmes e me torno um fã incondicional de Richard Kelly e seus multiversos.