Crítica: Séries de TV - Parte 2


Há aproximadamente um ano escrevi uma postagem sobre minhas expectativas em torno de algumas séries de TV. Nessa época, tinham se encerrado a quinta temporada de Lost, a sétima de 24 Horas, a quarta de Supernatural e a primeira de Californication. Obviamente, roía as unhas aguardando por mais partes dessas verdadeiras novelas que acompanho a não sei quantos anos. Citei também novas séries que poderiam vir a se tornar queridinhas, bem como as quatro de cima. Eram elas Fringe, True Blood e Battlestar Galactica.

Antes de mais nada, quero citar apenas que não consegui passar do primeiro episódio dessa True Blood, que ao contrário do grande sucesso, para mim quis ser demais e não foi. Sobre Fringe, continuo acompanhando, mas sem aquela esfuziante expectativa que precede episódios de minhas séries mais adoradas. Agora sim, vamos ao que importa, que se resume ao título dessa postagem.

Há alguns dias assisti ao último episódio da quinta temporada de Supernatural, e apesar de saber que planejam uma continuação, o gostinho foi de fim derradeiro mesmo. Alguns esperavam uma verdadeira batalha épica entre anjos e demônios, com efeitos especiais e tudo mais. Porém, os sábios criadores e condutores da série acertaram em manter a coisa toda mais intimista, trazendo o clássico relacionamento dos irmãos Sam e Dean ao seu ápice, com a ajuda dos fiéis escudeiros Castiel e Bob no confronto com Lúcifer. Durante os vários embates do seriado, sempre vimos todo o pano de fundo baseado na família de apenas dois irmãos, então por que mudar justo no fim? Foi simplesmente poético e rock'n'roll como deveria. Só espero que não façam besteira nessa sexta provável temporada e estraguem o que foi um ótimo passeio pelos recônditos do sobrenatural.

Bem, ainda não cheguei ao fim da derradeira temporada de 24 horas, pois faltam dois episódios para o encerramento, porém, de acordo com o rumo que o show tomou, é de se esperar algo nada menos que impressionante para o destino de Jack Bauer numa das séries mais bem feitas e lineares de todos os tempos. Quando julgávamos que Bauer já tinha ultrapassado todos os limites, ele consegue ir mais além, se voltando contra todos os ideais pelos quais lutou nos últimos anos apenas para buscar vingança. Querem saber? Torcia para que isso acontecesse. Não queria que mais uma vez Jack baixasse a cabeça para suas perdas tentando catastroficamente superar o passado. Já era hora de ele dizer um basta e mostrar a que veio. Certo ou errado, acompanharei Bauer além dos limites torcendo por um fim, que não necessita ser feliz...

Lost... Bem, o que dizer dessa série que se tornou um épico em muitos níveis? Capturou-me desde o começo, e tenho consciência que errou feio em alguns momentos, mas sempre sabemos passar a mão na cabeça daquilo que gostamos, então continuei acompanhando. Após sua decepcionante terceira temporada, Lost se corrigiu e fez bem feito na quarta e quinta, porém ainda estou com um pé atrás nesse seu final. Ele ainda não ocorreu, pelo menos para nós aqui do Brasil. Só nesta terça-feira saberemos qual o destino dos habitantes da ilha em mais de duas horas e meia de episódio. O que esperar? J.J. Abrams já anunciou que nem todas as pontas serão atadas, então resta torcer que pelo menos seja carregado de emoção. Veremos.

Agora, um pouco de um seriado que se tornou um cult e é um dos meus preferidos: Battlestar Galactica. Em menos de 6 meses devorei suas quatro temporadas e não me arrependo um segundo sequer de tê-lo adquirido. Estonteante desde os primeiros minutos, a história dos sobreviventes do cataclisma da civilização humana é carregado de drama, suspense e características que posso descrever apenas com meras palavras, então não entrarei em detalhes. Claro que muitos torcem o nariz para ficção-científica, porém afirmo, sem demais rodeios que se você der uma chance a essa esplêndida criação não irá encontrar nada melhor. Logo, logo, revisitarei esse não tão distante universo a fim de passar pelas mesmas sensações de antes, caçando Cylons e rezando para um panteão.

Californication... Ah! Californication! Acho que posso afirmar que não há série mais prazerosa de se ver que esta. Ela é ácida, divertida e puramente rock. A vida de Hank Moody é e não é tudo aquilo que queríamos ter, porém é mais seguro do lado de cá da tela. Estou na terceira temporada e não me canso de acompanhar as peripécias sexuais cheias de sarcasmo desse escritor e agora professor de universidade. Num dos últimos episódios que assisti intitulado "The Apartment", Moody conseguiu reunir ao mesmo tempo em sua humilde moradia sua filha, duas prostitutas, seu melhor amigo, um astro decadente do rock, sua aluna, sua secretária e sua chefe (tendo um caso com essas três últimas) e o marido da chefe. E como esquecer do grande Lew Ashby, o coadjuvante da segunda temporada que assumiu ares de personagem principal, pois cada vez que surgia na tela já tinhamos um sorriso estampado no rosto. Californication ainda não está no fim, e espero que continue longe dele por um bom tempo, pois ficar órfão de cinco ou seis séries já é demais. Prosseguindo com a minha jornada televisiva falo agora de outros seriados que surgiram do nada e me surpreenderam também.

O primeiro é Flashforward. No dia 6 de outubro, toda a humanidade apaga por um período de 2 minutos e 17 segundos, e durante esse blecaute, cada um tem visões distintas sobre um futuro próximo que vão se revelando reais. Imaginem o caos que se forma ao redor desse apagão. A série trouxe ótimos atores num enredo conspiratório interessante, e devido alguns tropeços, perdeu audiência. Como na televisão norte-americana a audiência é tudo, o show será cancelado após sua primeira temporada e mais uma vez ficarei órfão. Mas recomendo assim mesmo.


Outro seriado de que falo me decepcionou em seu episódio piloto - foi o visionário Spartacus, que na tentativa de se parecer demais com o filme 300, acabou errando feio. Mas seus produtores perceberam a mancada e se corrigiram, trazendo nos episódios seguintes muito mais daquela história obscura e menos dos efeitos trezentescos. Então, caro leitor, se você conseguir superar o primeiro episódio, siga em frente e surpreenda-se com essa jornada triste e sangrenta ao mundo dos gladiadores romanos.
Por fim, encerro com um spin-off da minha série preferida e que, como muitos spin-offs, esperava que fosse estragar toda a aura deixada por sua antecessora. Essa é Caprica, filha de Battlestar Galactica. O seriado traz a história humana muito antes do apocalipse que condenou a todos. Na verdade, o ponto de partida é o da criação dos primeiros Cylons quando, assim como nós, a sociedade se engrandecia com suas realizações tecnológicas ignorando as consequências delas. Ao contrário do que tantos pensam, Caprica pode muito bem ser vistar por aqueles que nunca tiveram contato com BSG, e tem tanta filosofia e suspense em seu conteúdo que é impossível não se surpreender com suas reviravoltas. Assim como Battlestar Galactica, Caprica é profunda, escura e não teme a exposição. Seus criadores espremem cada vez mais, tirando cada gota do que podem sem se preocupar de onde tirarão o próximo caldo-conteúdo, e isso é fantástico, porque num mundo de seriados onde se poupam os mistérios para que a série dure cada vez mais, Caprica não teme o futuro.

Bem, é uma pena que, a não ser por Spartacus, Californication e Caprica, tantos seriados estejam chegando ao fim. Aqueles que, assim como eu, adotam essas novelas em sua lista de preferências, sabem bem o quão terrível é ter que se despedir delas. Já que nada dura para sempre e o fim é derradeiro, pelo menos espero que ele seja fantástico, ou que me deixe pregado na cadeira, ou que me faça rir, mas que seja bom assim como foi acompanhar toda trajetória até aqui. E antes que eu fique muito nostálgico, vou me despedindo e torcendo para que outras idéias brilhantes como essas surjam a fim de que a lacuna deixada não seja tão grande.

Antes de ir, deixo o link do Yahoo onde foi publicada uma carta do ator Jorge Garcia, intérprete de Hurley em Lost, revelando que os finais não são difíceis só para nós. Se após esse imenso post você ainda tiver saco, caro leitor, recomendo a leitura do escrito de Jorge.


Até os próximos capítulos...