Crítica: Fúria de Titãs e Robin Hood

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Uma semana atrás, assisti no mesmo dia aos dois filmes mais esperados da temporada "blockbuster". Eram Fúria de Titãs, com Sam Worthington, e Robin Hood, com Russel Crowe. Como sempre, venho aqui compartilhar minhas impressões.

Ansiei demais por essa nova versão da batalha mitológica de Perseu, porém minhas expectativas afundaram, ao contrário de Argos, a cidade defendida pelo herói. Esperava um filme épico, e nesse quesito, ele não falhou, contudo não passou disso. Muitos efeitos, muitas batalhas, excessivas criaturas mitológicas e nada de envolvimento do espectador. Worthington, normalmente bom em seus papéis (vide Avatar e O Exterminador do Futuro: A Salvação), mergulhou fundo na idéia da ação e esqueceu de imprimir alguma carga emocional ao seu personagem. E que diabos Liam Neeson e Ralph Fiennes faziam nessa película? Dois bons atores desperdiçados em papéis medíocres e mecânicos. Nem a bela Alexa Davalos pode usar seus dotes no filme, resumindo-se a uma princesa chorosa e contida. Mesmo para mim, um viciado em fantasia medieval (tudo bem que Fúria de Titãs se passa em outra época), o filme não criou sensação alguma, exceto a frustração ao final quando surgiram os créditos.

Por outro lado, meu dia de cinéfilo foi salvo pela sessão seguinte do filme de Ridley Scott. Desse eu esperava pouco, afinal o que se poderia desejar de Russel Crowe como Robin Hood numa história completamente subvertida da lenda que reside em nossas mentes? Mas, justamente pela história diferenciada, pude apreciar mais daquela época fantástica, das batalhas sempre bem conduzidas pelo diretor de Gladiador e Cruzada (ou seja, o cara entende e muito do assunto), e dos personagens, sejam brutos, cômicos ou tocantes. O filme desdenha qualquer ligação com sua lenda habitual, exceto Nottingham e outros detalhes, e envereda por uma história mais sombria, mais implacável, fazendo com que o espectador se pergunte o que vem em seguida, ao contrário do que ocorreria se fosse só uma refilmagem da história tantas vezes já contada. Claro que, como em todo filme de Scott, pecados são cometidos, e é impossível não torcer o nariz nas cenas finais ao perceber a tentativa desnecessária de copiar o Dia D da Segunda Guerra Mundial, e do momento em que Lady Marian surge acompanhada de suas "crianças perdidas" para um combate entre adultos. Claro também que Kevin Costner e seu Príncipe dos Ladrões será sempre um ápice insubstituível, com Alan Rickman num desempenho ímpar como o xerife de Nottingham, mas, ignorando esses fatos, Robin Hood de Ridley Scott não fica para trás de outros filmes de "capa e espada". Vale muito a pena conferir também os créditos finais deste - uma verdadeira obra de arte.

Bem, após esse dia de cinema, venho preferindo um fora-da-lei preso ao seu destino que um herói apenas vingativo.