Diário transbordo: Numa simples conversa


Todos os que me conhecem bem sabem que sou um ateu convicto e uma pessoa extremamente chata - pelo menos assim me consideram. Devido a essas duas características, problemas de relacionamento surgem aonde quer que eu vá. Não foi diferente num antigo emprego meu onde as pessoas sofriam de alienação passiva e mal sabiam imprimir qualquer tipo de opinião que diferisse daquilo que guardavam em suas mentes com um cadeado trancado com chaves que foram jogadas fora. Não obstante, saí de lá e nenhum amigo restou, exceto uma garota com quem me comunico até hoje. Foi numa dessas conversas pelo MSN com ela, que obtive a hilária e perfeita descrição de como eram as coisas dentro da nossa equipe naquele tempo.

Nídia: Às vezes lembro que, na empresa, algumas pessoas te olhavam torto, mas eu nunca me enganei... Sabia que no fundo, bem lá no fundo, você era um mala, mas era um cara legal.

Caio: O que você quis dizer com "certas pessoas te olhavam torto"?

Nídia: Pô, Caio. Trabalhávamos com evangélicos cegos. Daí, chega um ateu de péssimo humor... eu lembro que às vezes você chegava e não falava nada. Aí todos ficavam te olhando, e eu rindo no meu canto. Acho que eles tinham medo de você.

Caio: Entendo. Não é à toa que antes de você entrar tentava ser simpático com os outros, e olha que "Caio sendo simpático" é algo raro, mas depois que os problemas começaram, vi que era mais complicado que isso. Não adiantava ser legal, tinha que ser como eles.

Nídia: Pois é. Acho que não nos encaixávamos ali. Povo alienado da porra!

Sem mais palavras.