Da enorme felicidade trazida pela vida intensa de um labrador, passei à decepção do dia seguinte à postagem sobre Marley. Seguia para mais um dia de dúvidas e incertezas no meu emprego atual quando, ainda no ônibus saltitante, os passageiros se levantam de súbito contorcendo seus pescoços e cabeças para a esquerda. Automaticamente adivinhei o motivo de tal excitação. Um atropelamento que sucedera na morte de algum transeunte, e o corpo ainda ardia no asfalto. Sempre me encho de nojo ao ver cenas assim - não a do morto, mas a das pessoas que apenas passavam - e penso que a curiosidade pela desgraça e paz de terceiros sempre permanece viva nas almas dos seres humanos. É simplesmente inacreditável que não se tenha respeito nem por aqueles que sofrem! Hoje em dia as pessoas não tem o direito nem de morrer em paz?
Mas, ainda não chegamos ao Guns e seu aguardadíssimo compact disc! Recentemente a banda-orquestra comandada por Axl Rose lançou o Chinese Democracy. No instante em que os curiosos impulsivos absorviam os desprazeres do desastre, só pude pensar nesse álbum, até porque o ouvia enquanto a cena se passava. Pensei que por mais de uma década o Chinese era aguardado, e que quando viesse trouxesse consigo canções como November Rain, Welcome To The Jungle, Sweet Child O'Mine, ou coisa ainda melhor e mais inovadora. No fim, chegou com músicas apenas interessantes! Continuei refletindo e acabei lembrando de outras produções recentes, como os decepcionantes Viva La Vida, do Coldplay; Perfect Symmetry, do Keane; Dig Out Your Soul, do Oasis; ou o Today Is Not The Day, do ainda desconhecido Gus Black. E não me detive lá fora. Também vi que Barão Vermelho, Skank, Titãs e outras bandas nacionais nada trouxeram de bom ultimamente. A seguinte questão ficou martelando na minha cabecinha inquieta: O que há de errado com o mundo e a música? Será que, quanto mais a globalização e a sociedade se expandem, as coisas tendem a piorar? Mesmo o Guns N' Roses trazendo um novo conceito não é capaz de produzir algo que preste?
Por mais que esse paralelo traçado seja espantoso, de uma forma ou de outra, há uma teoria que me assusta ainda mais: que a vida é uma constante irregular e decpcionante permeada por alguns momentos mágicos (vide o cão Marley).
No fim, só espero que a humanidade e sua cultura possam mudar e crescer, em vez de simplesmente se atirar de cara no abismo infinito do Pandemônio. Me resta voltar ao Creedence, The Doors e Roling Stones! E que Damien Rice não me decepcione em seu próximo trabalho, que de preferência escutarei na tranquilidade do meu quarto ao lado da minha poodle, Tulipa.