Prosa e pensamento: O abc do porquê

Sempre tive dificuldades com a gramática, apesar de estudá-la e de manter o hábito da leitura, afinal, todos sabemos que mesmo sendo bela, a língua portuguesa não é nada simples. Seus hífens, acentos, flexões, tremas (não, esses não existem mais!) nada mais são do que traços em nossas mãos e minhocas em nossas cabeças. Como podemos aprender suas inúmeras regrinhas quando há um sem número de exceções para elas? E agora, como se já não bastassem todos os vestibulares da vida que precisamos enfrentar, ainda nos vem (sem acento ou com acento?) com uma maldita reforma ortográfica! Agora como vou escrever meus textos com a mente tranqüila? Ops...

O que me resta apenas é aposentar meus lápis, teclados, as pontas dos meus dedos, e decretar falência. Se antes, com meus livros e contos inacabados, via meu amigo-editor João Paulo Parisio, vulgo algoz, atormentar meus delírios insanos afirmando que precisava melhorar meu modo de escrever em vários níveis, o que vou fazer a partir de então com mais regras e exceções no meu encalço? Se antes conseguia ao menos terminar alguns capítulos para, em seguida, jogá-los no cesto de lixo, de onde tirarei o prazer de ver minhas obras rasgadas e amassadas agora? Serei incapaz de lidar com uma simples página em branco!

Mas, livrando-me dos excessos, espero realmente que aqueles cabeçudos antiquados que tentam fazer revolução em cima de merda parem por aí, e nos meus sonhos mais lúdicos, retrocedam essa idéia de reforma. Já temos a reforma agrária, ora! Pois imaginem só se eles seguissem em frente e quisessem aumentar a quantidade de porquês em nossa vida. Eu que já me embananava com os quatro existentes...

Reforma andando a todo vapor, acho que nos resta ficar com o que sobrou: aguentar a frequente linguiça sem tremer!