Realmente não sei afirmar até que ponto acredito em reencarnação, vidas passadas e coisas assim. Mas abdico das partes pitorescas da cultura popular que proclamam bizarrices sem o menor conhecimento no assunto. Por muitas vezes me vejo na encruzilhada entre o ceticismo e a fé, plena em sua forma... E ainda persisto nessa cruz filosófica. Mas você, leitor, deve se questionar o porquê dessas rebentações preliminares sobre o espiritismo e a descrença. Posso explicar.
Há aproximados três meses ouvi de um amigo a seguinte frase: "Acho que nunca conheci alguém tão fascinado por fantasia quanto você!" Quando ouvi tais palavras estavámos numa livraria. Enquanto ele cavava em busca de determinados autores um tanto incomôdos para mim pela sua abordagem mais realista em relação as suas histórias, eu fuçava estantes em busca de qualquer material fantástico - e não apenas a fantasia que pode ser inserida em qualquer contexto - mas a fantasia medieval. De lá pra cá venho me questionando sobre esse meu fascínio pela Idade Média e todos os seus costumes, lendas e cultura, numa tentativa de inserir essa época em minha vida realisticamente urbana, cinzenta.
Claro que como qualquer estudioso, mesmo que superficial, encaro os grandes problemas e defeitos de tal época. Sei que nada pode ser tão utópico. Mas não venho tratar deles, até porque, quando os comparo ao mundo que vivo, frio e cruel, tais defeitos são meros detalhes, coisinhas menores que deixo passar. Ao ouvir uma canção medieval, assistir a um filme que retrata aquele tempo, participar de sessões rpgistícas, ou mesmo ler ou escrever sobre suas vicissitudes, entro num esquisito e absurdo extâse. Não há nada que me fascine mais que toda aquela cultura e caracteristícas antigas de castelos, prados longínquos, cavaleiros caídos ou reluzentes, reis, príncipes, damas da corte, fadas, dragões... Enfim, um sem-número de criações que poucos ousam entender nos dias de hoje. Há certo ar de beleza rústica, magia esquecida e liberdade incondicional nessa era do mundo. Um tempo de glória e decadência num misto de belas histórias que ainda nos chegam através dos livros.
Só posso admitir duas hipotéses: ou sou um louco fascinado por algo que não volta mais e que nunca vou ver de perto, ou já estive lá pra saber como é.