Gênios da arte: Mamonas Assassinas


Revendo alguns vídeos de anos atrás senti o mesmo de quando tinha meus treze anos. Devido um senso crítico pouco apurado na época (como se hoje em dia fosse muito diferente), eu mesmo resisti à idéia. Era difícil entender algo tão caótico, infantil e raso.

Estou falando dos Mamonas Assassinas - uma postagem que venho matutando há tempos, pois acho que pelo que eles foram e representaram, merecem mais que uma simples nota no Caio em Coluna.

Claro que minhas conclusões precipitadas adjetivando a banda desapareceram quando deixei meu preconceito de lado e passei a ouvi-los melhor. Acho que muita gente pensou de forma similar apenas para se arrepender depois ao perceber que os Mamonas não só se tornaram um sucesso único que nunca mais será visto, como representavam algo além da superficialidade pré-concebida. Digo isso porque, se pararmos para realmente entender a filosofia de suas canções, ficará claro que em meio a anarquia existia uma análise sobre o cenário musical e social de maneira nunca antes vista.

Era o espontâneo junto ao pensamento de adultos, a mentalidade infantil somada à capacidade de criticar, a coragem de se expor aliada a grande brincadeira da vida.
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Foram poucos meses em que o país se viu tomado por cinco garotos que desejavam ser o que tanto evitaram na época da Utopia, o embrião dos Mamonas Assassinas. Eles mesmos, Dinho, Bento, Sérgio, Samuel e Júlio, se afogaram nessa tsunami rápida e enérgica e ficaram tão surpresos quanto nós que nos divertíamos a cada nova canção.

Suas aparições na TV davam picos de audiência. Eram programas inteiros dedicados às apresentações do grupo. Reportagens, entrevistas e um sem fim de participações nos mais diversos canais e programas. De uma entrevista no Jô Onza e Meia ainda nos primórdios da banda, às intermináveis e divertidas situações no Programa do Faustão. E eles sacaneavam com tudo e com todos: câmeras, reporteres, jornalistas, críticos... ninguém escapava ao humor ácido e simultaneamente infantil dos Mamonas Assassinas (que antes seriam do Espaço).

Até hoje são inesquecíveis e mesmo com o transcorrer de tantos anos é complicado definir por que. Por mais que se tente, é algo tão sobrenatural que não atinge nossa compreensão. Por que foi tão rápido? Por que não tem mais? Simplesmente, por que acabou? Não sei quanto a vocês, caros leitores, mas para mim faz falta, muita falta.

Faustão: Super Dinho, você esperava que o sucesso fosse tão grande com a criançada? Quando vocês começaram já era público "criança"?

Dinho: Não. A gente não esperava sucesso, na verdade, de nada. A gente fazia essas músicas pra se divertir. Era, tipo, um hobbie. E acho que as crianças se identificam tanto assim com a gente, por que a gente pensa igual.