Com essa postagem venho falar das minhas impressões sobre os dois últimos filmes que vi. Primeiramente vou me inserir no universo anárquico da obra de Grant Heslov chamada Os Homens que Encaravam Cabras.
Trazendo um elenco de luxo para um estreante na direção, a película conta com a presença de George Clooney, Jeff Bridges, Kevin Spacey, Ewan Mcgregor e Robert Patrick nos papéis principais. Normalmente, quando alguns filmes carregam tantas estrelas nos créditos, não é incomum notarmos suas deficiências e percebermos que tais composições tentam se apoiar unicamente nos nomes de seus atores e atrizes, já que seu roteiro, efeitos ou qualquer outra característica é insípida, o que não ocorre com Os Homens que Encaravam Cabras.
De cara somos jogados numa história psicodélica, drogada e alucinógena sobre um grupo de soldados do exército norte-americano que, nos anos 80, criam uma divisão singular, dentro do próprio regimento, intitulada Exército da Terra Nova. Estes soldados, sob o comando de Jill (Bridges), se auto-proclamam Jedis e buscam desenvolver técnicas para vencer guerras que não sejam letais baseadas em ideologias hippies de paz e amor.
Dissipar nuvens com a força do olhar, esconder problemas em malas e invisibilidade são só algumas dessas técnicas criadas através de treinamentos ainda mais incomuns como dança, alimentação apenas líquida, dirigir vendado, caminhar sobre brasas, etc.
Com esse conteúdo louco conhecemos também um inspiradíssimo Lyn Cassady (Clooney) que já foi um Jedi e destaca outros grandes nomes na história tais como Jesus Cristo e Walt Disney. "Walt Disney?", questiona o incrédulo jornalista vivido por Mcgregor, e nós também fazemos o mesmo. E durante toda a história é impossível não coçarmos a cabeça também ao tentar decifrar se os feitos de Lyn são realizados graças aos seus poderes ou por pura sorte, o que faz da ideologia de Os Homens que Encaravam Cabras algo admirável, já que não tenta nos convencer de uma verdade absurda, mas deixa para que julguemos os fatos.
Um dos pontos altos do filme ocorre quando Lyn fica, finalmente, diante de uma cabra e tenta parar seu coração apenas com o olhar. O resultado? Deixo para quem decidir mergulhar nessa viagem maluca.
Como se não bastasse, ainda temos Stephen Lang, o Quaritch de Avatar, num papel diametralmente oposto ao que interpretou no filme de James Cameron, o que é deveras interessante.
Sem mais delongas, até porque só assistindo para tirar conclusões, deixo a frase de Bob, o personagem de Mcgregor, dita logo no início da película: "Eu era uma criança, ou um hobbit a salvo no Condado, ou um fazendeiro louro num planeta distante e deserto sem saber que já deu os primeiros passos no caminho que o levaria, inexoravelmente, ao cerne do conflito entre as forças do bem e do mal."
.
.Vamos ao outro.
.
Para um homem, O Golpista do Ano é um filme para torcer o nariz e ativar todos os preconceitos machistas do nosso tempo. Eu mesmo fiquei na dúvida sobre assisti-lo.
Antes de mais nada, uma pergunta aos malditos tradutores de títulos de filmes: por que criar idéias tão absurdas sobre suas respectivas traduções? Temos uma obra chamada I Love You, Phillip Morris e os desgraçados inventam de criar um tal de O Golpista do Ano. Nem vou perder tempo citando outros disparates como esse já que os exemplos são infinitos.
Voltando ao Golpista, digo, a I Love You, Phillip Morris, depois que abandonei meus preconceitos banais e deixei que o filme falasse por si, percebi que estava diante de uma película com potencial, mas que infelizmente em poucos momentos atinge o ápice de seu poder. Pelo fato de nunca se decidir entre comédia, drama ou aventura, os arcos da história se perdem e se confundem, sempre deixando uma confusão em nossas cabeças sobre se devemos nos preparar para rir ou chorar. Mas assim mesmo, a história não deixa de ser interessante, já que as peripécias do personagem de Jim Carrey impressionam e se atestam como reais.
Rodrigo Santoro, nosso ator ainda meio perdido em Hollywood, encarna bem o primeiro namorado gay do personagem de Carrey, mas sem nenhum grande feito, exceto talvez na cena em que está à beira da morte.
Entre determinados problemas e situações engraçadas, o que realmente chama a atenção no filme é a encarnação que Ewan Mcgregor (um pouco embaçado em Os Homens que Encaravam Cabras) elabora para o seu Phillip Morris. Ele é o homossexual feminino da relação sem tirar nem pôr. Consegue ser engraçado, cativante e ao mesmo tempo, tocante. Se há um motivo para assistir tal obra, esse é Ewan Mcgregor, que merecia, sem pestanejar, um Oscar por sua brilhante interpretação.
Bem, caro leitor, se tiver que optar por um dos dois filmes dessa postagem, recomendo o primeiro, mas se tiver tempo e vontade, as duas películas são boas opções para uma sessão de cinema despretensiosa.