Não conheço o canal Showtime. Se é bom ou não, se tem produções interessantes ou descartáveis, não sei dizer. Mas há um projeto em especial desenvolvido pela emissora que é de se aplaudir e pensar que se todos os seus programas tiverem tal brilhantismo e humor, tal canal merece estar no topo. Deixando o Showtime de lado, vamos ao que interessa: o seriado Californication.
Algumas vezes já tratei desse mesmo tema aqui no Caio em Coluna, mas achei que dessa vez Californication deveria ter um post só para ele, já que estamos às portas de sua quarta temporada, que é nada menos que a continuação do melhor episódio de todo o show até então. Mas deixemos esse assunto mais para frente e partamos do princípio.
Aos novatos, a série é uma criação de Tom Kapinos, o mesmo de Dawson's Creek (vai entender...) e de David Duchovny, o Fox Mulder de Arquivo X. Assim que surgiu, veio carregada de ansiedade e crítica, afinal não era completamente inovadora, mas tratava de temas polêmicos e tinha uma abordagem bem adulta. Ou seja, sexo, sexo e mais sexo, em muitos níveis. Além disso, marcava o retorno de Duchovny à televisão, já que desde o fim da cultuada Arquivo X, tinha feito alguns filmes mal sucedidos aqui e ali, mas sempre declarando que gostaria de se ver longe da TV.
Enfim Californication estreou e, para a surpresa de muitos, trouxe um ator, Duchovny, numa performance que ia muito além das expectativas e apagava até o seu eternizado agente Mulder. Na pele de Hank Moody, um escritor em vias de fracasso e abandonado pela esposa, Duchovny criou um espírito, um jeito de atuar tão leve e ao mesmo tempo mordaz, que não havia como não gostar da persona, mesmo com toda a cafagestagem. Hank Moody, beirando as curvas do fracasso pessoal e profissional, afogava-se em mulheres e paixões de uma noite só, enquanto tentava se reerguer, lutar pelo amor de sua ex e ensinar qualquer coisa que valesse à pena a sua filha, Becca. Enquanto isso, Hank era apoiado por seu melhor amigo e também seu editor, Charlie Runkle, uma outra figura escrota e incrivelmente apaixonante.
Entre bebidas, mulheres e brigas, passando por cinema, literatura e frases sagazes e chegando aos lençóis, Californication teve uma incrível primeira temporada recheada de atuações fantásticas e situações que iam do cômico ao dramático.
Com seus episódios curtos para séries do estilo (apenas 30 minutos), o que poderia ser visto como uma falha se tornou outro ponto forte do show, já que a história ocorria sem muita contramão, sem aqueles episódios que existem apenas para "encher linguiça".
Após as surpresas dos doze episódios da temporada de estréia, a ânsia cresceu em torno da aguardada segunda temporada. Digo isso porque o episódio de encerramento da primeira fechou um ciclo e amarrou tão bem a história que se pensou que uma continuação poderia soar forçada e que culminaria no enterro prematuro de uma série antes brilhante. Mas ao contrário do que se pensava, Kapinos e Duchovny, junto com sua equipe de roteiristas, conseguiram driblar a própria armadilha que montaram e nos brindaram com outra sensacional sequência de doze episódios, levando Hank do céu ao inferno, e depois o conduzindo a uma visitinha ao purgatório.
Claro que não posso esquecer do grande destaque da segunda temporada, o ator Callum Keith Rennie no seu papel apaixonante de Lew Ashby, ou o Grande Ashby para os mais íntimos. Ao lado de Hank, Lew nos trouxe alguns dos momentos mais divertidos e inesquecíveis da série, como também a cena que chegou como um soco no estômago e me deixou triste, muito triste.
Lamentos à parte, o sorriso voltou juntamente com o primeiro episódio da terceira temporada. Se a inclusão de novos atores e personagens numa fase diferente a princípio causaram estranheza, logo a sensação passou e Hank afundou em mulheres, digamos, mais novas. Como professor de uma universidade, desde a aluna até a reitora, nenhuma foi capaz de escapar. E quando tudo parecia que ia amornar, chegou Mia Culpa, o season finale da terceira temporada, aquele episódio que citei no começo do post. Desculpem-me pela expressão, mas caralho! Que episódio! Que fechamento!
Bem, antes que eu me perca em divagações, vou encerrando por aqui, mas não sem ficar torcendo para que janeiro de 2011 logo chegue e junto com ele venha a tão aguardada quarta temporada de Californication.
Aos que ainda não conhecem, recomendo o seriado e, para todos, deixo aqui um vídeo especial com os melhores momentos da terceira temporada e a canção Rocket Man (nem preciso dizer que contém spoilers).
Good fornication for you!