Enfim... Enfim a justiça tirou a venda e olhou por aqueles que mereciam. A consagração do alemão Sebastian Vettel como campeão de Fórmula 1 de 2010 foi um daqueles acontecimentos em que se pode afirmar que o que era justo aconteceu.
No início do ano escrevi uma postagem falando sobre as grandes mudanças que vinham ocorrendo dentro da categoria e citei a imprevisibilidade de um ano com um campeonato tão mudado. Afinal, não dá para esquecer que em 2009, uma nova equipe surgida das cinzas se sagrou a campeã juntamente com seu piloto, antes relegado ao esquecimento, Jenson Button. O que impediria de, neste ano, uma outra equipe ou piloto traçar o mesmo caminho da extinta Brawn GP?
Foi numa temporada em que os brasileiros azararam mais uma vez que a RBR, ou Red Bull Racing, começou a se destacar. Logo se percebeu que ali estava o melhor carro do ano levando boas chances aos seus dois pilotos, opostos dentro da categoria. De um lado, Mark Webber, australiano e com uma boa bagagem de Fórmula 1, mas sem nunca ter resultados expressivos. Do outro, Sebastian Vettel, um jovem alemão de 23 anos que mal andou, mas que era promissor. E o que se viu foi uma briga interna entre os dois, sempre disputando as melhores posições de largada e os primeiros lugares dentro da pista.
Até o meio do ano, o acirramento foi tão complicado que chegou até a tirar Webber e Vettel de uma mesma corrida, já que eles resolveram disputar o primeiro lugar de uma dobradinha garantida e se esbarraram. Houve quem criticasse a política da equipe ao permitir tal disputa fazendo com que tanto o grupo quanto os pilotos perdessem oportunidades fantásticas de pontuar. Mas, será que eles estavam errados?
A principal rival da RBR, no fim das contas, foi mesmo a Ferrari, que com décadas de distância do Touro Vermelho, ainda assim pôde disputar poles e vitórias. A grande diferença entre o carro rubro e a RBR surgiu quando, em mais uma decisão fatídica, a equipe de Alonso e Massa autorizou uma ultrapassagem desleal e anti-desportiva do espanhol sobre o brasileiro, nos fazendo lembrar de uma cena parecida em que Barrichello freou para Michael Schumacher devido às ordens da equipe.
Em todo o ano, a Red Bull permitiu que seus pilotos brigassem entre si, apenas com o seu próprio potencial, sem qualquer favorecimento. Mesmo no GP de Interlagos, quando podiam ter feito o tal jogo de equipe e favorecido Webber a estar mais próximo da vitória no campeonato de pilotos, a equipe do Touro Vermelho disse não.
Na corrida final, onde tudo seria decidido, eis que o espanhol, Fernando Alonso, com mais chances de vencer, ficou para trás, e mesmo Mark Webber, que estava além de Vettel, também viu o prêmio escorrer por entre os dedos. No fim, foi mesmo o alemãozinho que agarrou a taça e se tornou o mais jovem campeão da Fórmula 1.
Gosto da Ferrari. Apesar dos erros, sempre gostei, afinal aqueles carros tem o poder de despertar uma paixão que mais parece magia. Porém, há tempos aguardava por uma reviravolta, por um acontecimento que mostrasse à equipe escarlate que a justiça pode existir. Pagando pelos seus erros, a Ferrari saiu sem um piloto vencedor e sem chegar ao título de construtores, e viu uma equipe que sempre primou pela esportividade, tomar seu lugar. Dessa vez fiquei bastante feliz em ver Alonso e Ferrari pagarem o pato por sua arrogância. Se nos próximos anos as mudanças na categoria continuarem contribuindo para a disputa e a justiça abrir os olhos para os merecedores, a Fórmula 1 continuará trilhando seu caminho de volta ao grande esporte que era. E torço por isso!
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