Crítica: Outcasts


Quando vi pela primeira vez o longo episódio inicial de Battlestar Galactica, fiquei na dúvida se havia gostado. Foram três horas que pareciam passar rápido em certos instantes, e noutros se arrastavam. O fato é que a série, com quatro temporadas completas, chegou ao fim e foi cultuada por público e crítica.

Final do ano passado, surgiu uma minissérie de ficção-científica, The Deep, produzida pela BBC, que parecia que iria ocupar o lugar vago no hall das séries do gênero, pelo menos momentaneamente. Mas esta se mostrou um fracasso, uma verdadeira decepção. Tudo bem que o mundo da TV após Battlestar Galactica não é mais o mesmo. Os telespectadores do sci-fi se tornaram mais exigentes, e não é qualquer história meia-boca que vai agrada-los.

Nesse terreno instável aportou, recentemente, Outcasts, também da BBC. E fica a pergunta: será que teremos uma ficção-científica decente, enfim?


Após assistir seu episódio de estreia, a questão ainda não pôde ser respondida. Outcasts, em seus 59 minutos iniciais trouxe excelentes atuações, mistérios interessantes e uma história, aparentemente, poderosa. Mas é no aparentemente que residem os problemas do show. Todo o tempo usado para nos apresentar esse novo universo foi expositivo demais, com algumas passagens e discursos clichês e que permitem que a dúvida paire sobre nossas mentes. Ainda assim, o seriado tem potencial para crescer nos outros 7 episódios que fecham sua primeira temporada.
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Outcasts narra a história de alguns humanos que, após uma hecatombe nuclear na Terra, deixam seu planeta-natal para viver em um novo mundo chamado Carpathia. Vivendo ali há dez anos, a sociedade já apresenta tantas divisões e problemas quanto qualquer outro ajuntamento humano que pudesse ter existido na Terra. Nesse ínterim surgem doenças misteriosas e visitantes inesperados para mexer ainda mais com a situação já delicada dos sobreviventes.
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Se cabem destaques aqui, seriam algumas das pontas soltas sobre questões obscuras, e a interpretação de Jamie Bamber, que se em BSG não tinha demonstrado todo potencial, nesse episódio único revela o grande ator que é. É justamente do personagem de Bamber que parte a pergunta que poderá ser o cerne da série: Do you really believe that human beings can live together in peace? Do you really believe that we can build a better plave for our children?

Se mesmo Battlestar Galactica deixou dúvidas em seu princípio, nada impede que Outcasts encontre o rumo certo e se coloque nessa seleta estante dos seriados sci-fi verdadeiramente bons. Resta esperar.